Um dos remanescentes do ensino médio, não tenho muita coisa a apresentar. Esse texto foi escrito para alguns dos meus trabalhos, não sei ao certo (são pouquíssimos ou nenhum meus textos escritos sem estímulo).
Não é grande coisa, me desagrada em grande parte, mas todos os meus outros textos estão em Bauru.
Bom, isso aí. E ah! Estou lisonjeada pelo Festival Paulínia de Cinema, lindo lindo!
Beijos para todos vocês.
Adeus.Os dedos correntes davam ao ruído ambiente um caráter engenhosamente sutil. As nuances originárias das cordas tornaval o tempo leve, dançante, diante a mente aérea da jovem lecionadora. Interpretava a partitura como um novo tenente diante de uma tropa formigante, anseante pela batalha que chegava. Habilidosamente tornava o som maquiagem das poucas primaveras que vivera.
Parara; guardava o cismo que a batida do metrônomo já não fazia sentido. Pura implicância; a situação pedia por algumas inquietações e discordâncias ridículas para quebrar o som que embebedava aos dois. Pôs-se a voz feminina a ditar, tímida mas perspicaz, as coordenadas para valsar o violino. Eram simples e insosas, as aulas já eram quase extintas diante da proposta do conservatório da cidade vizinha. Voltou-se para o instrumento, inquieto. Pôs-se a repetir a sequência clássica de modo quase agressivo.
Ela ignora. Desfoca os olhos na tentativa de "desaguá-los", observa aqueles vultos embalando uma bola ao longe pela janela. Os pontos correm, fogem, dançam, aludem ao passado da mesma professora observando o mesmo menino enforcando suas aulas em jogos de futebol. Memória que carregava angústia infinitamente menor que o momento. Ela perguntava se no fundo o que mais sentia era inveja, daquele jovenzinho prodigioso, dono daquela liberdade que ela via pelas janelas, escondida. Ela sempre sentira-se presa.
Em especial naquele momento. Sente-se engaiolada. Estorricada. Esfarelavam-se em seu poder laços nunca existentes; desprenderiam de um ímpeto venturoso, somente a uma mulher em estado consternado definível, tais momentos como aquele.
Voltam-se um para o outro diante de um erro grotesco. Talvez proposital. Seria inútil, mas de suma satisfação, se sua maturidade musical fosse presente em sua percepção. Inútil pelo tempo transcorrido; um abismo de anos entre duas almas desorientadas. Morais humanas gritantes frente a momentos estáticos certos. Ela estava complementava, mas enojada por seus pensamentos que seriam imprudentes a uma mestra.
Queria respostas. Mutualiticamente buscou-as fundo, perante sua postura não exitante. Aproximou-se. A mão sem calor pôs-se entre a mão masculina. Ambas fecharam em um movimento anseante. Assoprou um suspiro quente, correspondido por um sorriso tremente. Inacabável simbiose, embalada de ameaças de toques proibidos. Juntaram-se mais, em uma delicadeza lenta como a de um vira-lata que se aproxima de alguém que oferece alimento. Tímidos, temerosos. Perdiam os sentidos sociais de moral quando põe-se o tinir estridente da campainha.
Enrolam-se em um abraço seco e duradouro. O jovem levantou e carregou o instrumento até a porta, onde esperavam seus pais, agradecidos pela última aula cedida. Desfazia-se qualquer contato, naquele desfecho que nenhum deles queria trancar. A professora olhou-o pela última vez, pra fixar na memória. Tudo que ela via era um menino mas saía dali a mente de um homem.
cara, mto bom...escreve mto bem oO
ResponderExcluir[essa foto do estilo "nao, pelamordedeus nao tira foto agora" haiuhiuhauiahuha"