quinta-feira, 16 de julho de 2009


Um dos remanescentes do ensino médio, não tenho muita coisa a apresentar. Esse texto foi escrito para alguns dos meus trabalhos, não sei ao certo (são pouquíssimos ou nenhum meus textos escritos sem estímulo).
Não é grande coisa, me desagrada em grande parte, mas todos os meus outros textos estão em Bauru.
Bom, isso aí. E ah! Estou lisonjeada pelo Festival Paulínia de Cinema, lindo lindo!
Beijos para todos vocês.

Adeus.

Os dedos correntes davam ao ruído ambiente um caráter engenhosamente sutil. As nuances originárias das cordas tornaval o tempo leve, dançante, diante a mente aérea da jovem lecionadora. Interpretava a partitura como um novo tenente diante de uma tropa formigante, anseante pela batalha que chegava. Habilidosamente tornava o som maquiagem das poucas primaveras que vivera.
Parara; guardava o cismo que a batida do metrônomo já não fazia sentido. Pura implicância; a situação pedia por algumas inquietações e discordâncias ridículas para quebrar o som que embebedava aos dois. Pôs-se a voz feminina a ditar, tímida mas perspicaz, as coordenadas para valsar o violino. Eram simples e insosas, as aulas já eram quase extintas diante da proposta do conservatório da cidade vizinha. Voltou-se para o instrumento, inquieto. Pôs-se a repetir a sequência clássica de modo quase agressivo.
Ela ignora. Desfoca os olhos na tentativa de "desaguá-los", observa aqueles vultos embalando uma bola ao longe pela janela. Os pontos correm, fogem, dançam, aludem ao passado da mesma professora observando o mesmo menino enforcando suas aulas em jogos de futebol. Memória que carregava angústia infinitamente menor que o momento. Ela perguntava se no fundo o que mais sentia era inveja, daquele jovenzinho prodigioso, dono daquela liberdade que ela via pelas janelas, escondida. Ela sempre sentira-se presa.
Em especial naquele momento. Sente-se engaiolada. Estorricada. Esfarelavam-se em seu poder laços nunca existentes; desprenderiam de um ímpeto venturoso, somente a uma mulher em estado consternado definível, tais momentos como aquele.
Voltam-se um para o outro diante de um erro grotesco. Talvez proposital. Seria inútil, mas de suma satisfação, se sua maturidade musical fosse presente em sua percepção. Inútil pelo tempo transcorrido; um abismo de anos entre duas almas desorientadas. Morais humanas gritantes frente a momentos estáticos certos. Ela estava complementava, mas enojada por seus pensamentos que seriam imprudentes a uma mestra.
Queria respostas. Mutualiticamente buscou-as fundo, perante sua postura não exitante. Aproximou-se. A mão sem calor pôs-se entre a mão masculina. Ambas fecharam em um movimento anseante. Assoprou um suspiro quente, correspondido por um sorriso tremente. Inacabável simbiose, embalada de ameaças de toques proibidos. Juntaram-se mais, em uma delicadeza lenta como a de um vira-lata que se aproxima de alguém que oferece alimento. Tímidos, temerosos. Perdiam os sentidos sociais de moral quando põe-se o tinir estridente da campainha.
Enrolam-se em um abraço seco e duradouro. O jovem levantou e carregou o instrumento até a porta, onde esperavam seus pais, agradecidos pela última aula cedida. Desfazia-se qualquer contato, naquele desfecho que nenhum deles queria trancar. A professora olhou-o pela última vez, pra fixar na memória. Tudo que ela via era um menino mas saía dali a mente de um homem.

Um comentário:

  1. cara, mto bom...escreve mto bem oO

    [essa foto do estilo "nao, pelamordedeus nao tira foto agora" haiuhiuhauiahuha"

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