sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Resguardo boníssimas lembranças do extinto cinema Jaraguá, localizado na minha cidade natal de Campinas. Passei muitas tardes, das quais sinto extrema falta, nas salas pequenas, mas aconchegantes, sempre recepcionadas pelo gerente baixinho de gravata borboleta. Especialmente nas sessões, menos ainda apreciadas que as outras, de cinema francês. Foram nelas em que me despertei a menina amolecida que sempre fui, romântica incurável, ingênua a ponto de enojar. Foi sob a companhia de Claude Lelouch que derramei as minhas primeiras lágrimas puras.
Eu sempre saí perplexa, muda, após cada exibição. Era como se cada filme merecesse o meu respeito e a minha reflexão, que perdurava no saguão vazio, com alguma ou outra pessoa como eu, recém furtada de algo que não tenho nem a capacidade de explicar. Como se cada palavra, cena, vestígio da cinematografia francesa fosse ao mais súbito de mim, ao mais âmago possível de mim, e externasse-o com força. Após as exibições, havia uma pocinha com dois olhinhos no chão, que era eu, derretida. Em um filme chamado A coragem de amar, repetia-se uma música com o seguinte refrão: BONHEUR CEST MOI QUE LA VIE, com a tradução de A felicidade é melhor que a vida. Resguardo-me à minha condição de espectadora elucidada, mas devo remeter a uma correção do refrão incessante. Não só a felicidade, mas qualquer filme francês é melhor que a vida.
Não encontro nada que decifra-me melhor que os esquetes disconexos porém mais conexos que nunca dos filmes do Godard. Que fique registrado, um dia ainda correrei pelo Louvre feito a cena do Band a Part, reproduzida mais tarde nos Sonhadores. Ah se irei!

Não irei estender todo meu saudosismo e minha babação para o cinema francês; textos longos na internet acabam por se perder.
Vai aí um gostinho, cena do filme Pierrot le Fou, com a inefável Anna Karina:

2 comentários:

  1. UM DOS MELHORES MOMENTOS DO CINEMA
    EM SEU MELHOR MOMENTO.
    ANNA, JEAN E JEAN...

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  2. Os filmes eram muito bons! E ficar comendo antes de começarem também! Mas a melhor aprte sem dúvida era o gerente baixinho de gravata borboleta! Ele sempre ficava trocando altos papos comigo e com um ex-namorado quando a gente ia!

    Não sei se você sabe, mas o cine jaraguá ainda "existe", não enquanto espaço, mas como programação. Está acontecendo no Shopping Prado, sabe? Ainda não fui pra lá, mas agora que voltei a morar em Campinas, pretendo ir! Aí te conto como é! :D

    E, ah, se quiser companhia para correr pelo Louvre, me liga! Haha!

    Beijo!

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